Afinal, o que é Bitcoin? E quais as consequências dessa nova moeda para o varejo?


Precisamos falar sobre ele. O Bitcoin é a moeda digital (ou criptomoeda) mais popular dentre os 1195 tipos existentes até agora. Em 2017 seu valor disparou, indo de US$ 957 em janeiro para US$ 18 mil neste mês. O mercado de Bitcoins cresce significativamente e cada vez mais negócios passam a aceitá-los como forma de pagamento. Porém, por ser algo muito recente e com um potencial disruptivo considerável, há ainda uma série de dúvidas e desconfianças relacionadas a essa moeda.

No artigo de hoje, vamos tentar clarear alguns aspectos sobre ela e refletir sobre suas possíveis consequências para o varejo.

Entendendo Bitcoins

Em primeiro lugar, ninguém sabe quem criou o Bitcoin. Algumas pessoas acreditam que ele foi inventado por um japonês chamado Satoshi Nakamoto, mas depois surgiram informações de que essa pessoa não existe e que é, na verdade, um pseudônimo de um grupo de programadores japoneses que não queriam ter suas identidades reveladas.

O que se sabe é que o Bitcoin surgiu em 2008 como uma moeda tal qual o real ou o dólar. Seu grande diferencial é que ela não é física, ou seja, não está associada ao governo de cada país e não é emitida por um Banco Central que organiza todo o processo. Bitcoins têm valor apenas porque existem outras pessoas que também o valorizam e o aceitam como moeda de troca em qualquer lugar do mundo.

Como já vimos acontecer no Brasil, em tempos de crises econômicas, governantes e instituições financeiras têm total poder para impedir que alguém saque dinheiro de sua conta bancária. Com o Bitcoin isso não acontece, porque ele é efetivamente uma propriedade do indivíduo, controlada exclusivamente por ele. Além disso, essa criptomoeda pode ser transferida diretamente de uma pessoa para outra, com taxas bem pequenas e sem passar por um banco ou qualquer outro tipo de intermediário.

Como obter Bitcoins?

Na teoria, um Bitcoin pode ser criado (ou “minerado”) por qualquer um. Porém, na prática, o investimento para sua produção é altíssimo. Você precisa de uma série de computadores superpotentes funcionando juntos (foto acima) para que a soma de seus processamentos consiga resolver uma equação matemática extremamente complexa em um período de tempo de 10 minutos. Como recompensa por ter solucionado o cálculo antes de outros membros da comunidade, a pessoa é recompensada com Bitcoins.

Isso assusta muitos economistas e profissionais da área que veem o Bitcoin como uma bolha prestes a explodir, já que a quantidade de moeda em circulação só aumenta, assim como seu valor. Mas a verdade é que o sistema criado pelos japoneses tem um limite de 21 milhões de unidades emitidas até o ano de 2140. Considerando que atualmente já temos 16,7 milhões de Bitcoins disponíveis no mercado, a tendência é que esse número se estabilize num futuro próximo, reduzindo a pressão inflacionária sobre a moeda. Em todo caso, mesmo se a bolha do Bitcoin estourar (algo que já aconteceu antes), isso não significa necessariamente seu fim.

As transações de Bitcoins são reunidas em blocos “ligados” a blocos anteriores, formando uma enorme corrente chamada Blockchain. É essa estrutura que viabiliza todo o sistema e funciona como uma espécie de livro-razão, mas de forma pública, compartilhada e universal. Isso significa que é possível ver todas as transações já realizadas com uma única moeda desde a sua mineração, ainda que as identidades dos proprietários permaneçam anônimas. Isso dá mais transparência e segurança ao processo, que é incrivelmente difícil de ser violado.

Além da mineração, é possível obter Bitcoins comprando unidades em casas de câmbio ou aceitando a criptomoeda ao vender itens. É claro que, por enquanto, o mercado de Bitcoins ainda é muito incerto: sem um órgão regulador, a flutuação da moeda é muito alta e, por se tratar de um investimento, as pessoas têm a chance de ganhar ou perder uma grande quantia de dinheiro. Infelizmente, por ser uma novidade atraente, já existem empresas mal-intencionadas promovendo esquemas de pirâmides financeiras. Então é preciso tomar cuidado na hora de comprar Bitcoins ou outras moedas digitais.

Os Bitcoins e o varejo

Quem usa essa criptomoeda guarda suas posses em uma “carteira digital”, criada quando o cadastro é feito no sistema. Ela nada mais é do que um aplicativo no computador ou celular onde é possível guardar um código, ou seja, uma sequência de letras e números que representa a quantidade de Bitcoins que a pessoa tem.

Como dissemos, essa moeda digital já faz parte de transações econômicas em restaurantes, companhias aéreas, consultórios médicos, agências de viagens e faculdades. Até mesmo a gigante Amazon, segundo rumores, já possui planos para adotar o Bitcoin. Existe inclusive um site (Coin Map) que faz o mapeamento global de todos os estabelecimentos que apostam nas criptomoedas.

Ao mesmo tempo, vários países iniciam discussões sobre como proceder em relação ao Bitcoin. O Japão, que está um pouco mais avançado nesse sentido, legalizou oficialmente o Bitcoin como método de pagamento e mais de 300 mil estabelecimentos de alimentação e varejo passaram a aceitar moedas virtuais neste ano.

Se por um lado vários comerciantes aprovam a ideia de transações financeiras sem pagamento de taxas e tributos elevados, por outro ainda é complicado confiar plenamente em uma moeda que aparenta ser tão volátil. Isso leva alguns estabelecimentos a determinarem que apenas uma parcela do preço total de um serviço pode ser paga em Bitcoin. Com quantias menores, as empresas podem agir rápido e fazer a conversão para dólar ou real mais tranquilamente.

Outro ponto negativo para as lojas é que as compras com Bitcoin demoram horas ou dias para serem validadas, porque o sistema verifica todas as transações feitas anteriormente pelo cliente. Logo, comerciantes preferem entregar seus produtos ou serviços apenas após o pagamento ter sido realmente processado.

Também é importante citar que, no momento, a maioria das pessoas está mais interessada em armazenar do que gastar Bitcoins, porque seu valor não para de crescer.

Com todas as suas vantagens e desvantagens, poderão as criptomoedas revolucionar para sempre o sistema financeiro? Até o momento, ninguém sabe qual é a resposta e o futuro do Bitcoin ainda é uma incógnita. Mas, definitivamente, é algo que deve ser acompanhado de perto.