Startup cria embalagem sustentável e tecnológica para transporte de vacinas


Em março de 2020, quando a pandemia do novo coronavírus entrou no Brasil, a healthtech Shield Company saiu do papel depois de meses de planejamento. Na época, a ideia da startup era oferecer uma plataforma digital que conectasse laboratórios, operadores logísticos, centros de pesquisa e pacientes, a fim de monitorar em tempo real o armazenamento e o transporte de medicamentos e vacinas. Com o avanço da crise sanitária no Brasil, a empresa viu a oportunidade de usar a sua tecnologia na logística das vacinas contra a Covid-19.

Pouco tempo depois, a empresa saiu do campo digital e lançou no mercado físico uma alternativa sustentável para esse processo. É a Shield Box, uma embalagem reciclável, reutilizável e imbuída de alta tecnologia, sendo capaz de preservar a temperatura das vacinas por até 200 horas sem gerar resíduo na natureza. Por meio da embalagem, também é possível controlar a temperatura à distância e monitorar a sua geolocalização em tempo real.

David Bueno, CEO da Shield Company, conta que a empresa já produziu 2,5 mil unidades do produto até agora. O que deve aumentar nos próximos meses, em razão da expansão fabril da startup, em Campinas, no estado de São Paulo, e também em um hub internacional. “Seremos capazes de produzir 2,5 mil em 45 dias”, diz.

A Shield Company nasceu de um desafio tecnológico lançado pela DRS, um grupo de cinco empresas da indústria farmacêutica, onde Bueno é CEO. “Em 2019, entendemos que era necessário criar um espaço para propostas inovadoras dentro do setor e lançamos o DRS Inova, com o objetivo de criar startups para atuar no mercado de saúde com tecnologia”, diz.

Durante o programa, a ideia da Shield Company surgiu quando a DRS fez dois aportes – um de R$ 3 milhões e outro de R$ 7 milhões – para viabilizar o negócio, que também tinha como propósito trazer tecnologia e sustentabilidade à logística de saúde. “Quando a gente vê uma vacinação desse porte, nessa velocidade, corremos o risco de ter um dano impagável ao final da incursão. Todos os nossos componentes são utilizados dentro dos conceitos de inovação, tecnologia e sustentabilidade”, diz.

Para dar conta dessa proposta, além de ser reciclável e reutilizável, a startup fechou uma parceria com a SOS Mata Atlântica, na qual cada embalagem utilizada gera o plantio de uma muda nativa – mais de 4 mil foram plantadas até agora. O objetivo é chegar a 1 milhão nos próximos três anos.

Vacinas contra a Covid-19

Segundo Bueno, a empresa aproveitou a pandemia para fazer um planejamento específico para transportar as possíveis vacinas contra a Covid-19. “Criamos um plano logístico detalhado, baseado na realidade de múltiplas vacinas, com opções específicas de temperaturas e armazenagem de acordo com a necessidade de cada uma delas”, diz.

Apesar do preparo, a startup ainda não fechou nenhum contrato para o transporte das vacinas no Brasil. “Estamos engajados na negociação com o governo, na fase final. Estamos buscando ajustes para que todos possam receber a tecnologia das nossas embalagens. Mediante a celeridade do tema, acredito que teremos uma resolução em pouco tempo.”

(Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios, 04 de março de 2021)