O saco de carvão do futuro?


Willian Biolo, um empreendedor da pequena Pareci Novo, uma cidade de 3 mil habitantes no interior do Rio Grande do Sul, quer revolucionar o jeito como o brasileiro faz churrasco.

Biolo vem trabalhando nos últimos anos para criar um saco de carvão que acende sozinho sem necessidade de derramar o conteúdo na churrasqueira, ou usar artifícios como jornais ou álcool.

A marca Brazah tem uma embalagem aparentemente comum, mas possui na base uma estrutura de madeira com um pavio para acender todo o pacote.

Uma solução prática e rápida para quem quiser fazer fogo sem sujeira, cujo vídeo de demonstração tem circulado nas redes sociais, causando polêmica entre os churrasqueiros puristas e os mais adeptos à inovação.

A embalagem é produzida em papel kraft natural, com tinta à base de água e cola de origem vegetal que podem ser queimados junto com o carvão.

A ideia surgiu ainda em 2019 durante o evento Startup Weekend Montenegro, organizado por empresários locais ligados à inovação no campus local da universidade UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul.  

O evento promoveu 54 horas ininterruptas de oficinas e mentorias onde os participantes foram divididos em grupos com o intuito de criar e desenvolver produtos inovadores.

A solução de Biolo e seus colegas ficou em segundo lugar na competição e foi apresentada para investidores no evento.

“Um dos rapazes do grupo deu a ideia de a gente trabalhar em algo que fizesse um churrasco mais rápido“ conta Biolo, que trabalha no restaurante da sua família em Pareci.

O conceito levou de um a dois anos para ser concretizado e sair do papel. Nos primeiros quatro meses, alguns colegas desistiram do projeto, mas Biolo continuou a realizar uma série de testes em casa.

“Depois que meus colegas desistiram, trabalhei um ano e meio na estrutura da embalagem, que é o grande diferencial do produto” conta Biolo.

De acordo com Biolo, o diferencial é uma base de madeira, que fornece uma estrutura capaz de deixar o saco de carvão em pé. “O assador não precisa nem sujar as mãos”, reforça Biolo.

A busca pelos materiais, equipamentos e fornecedores não foi fácil, Willian conta que demorou a encontrar empresas que produzissem o papel específico da embalagem.

Em um ano de testes, Willian fez pesquisa de mercado com outros revendedores de carvão (a região ao redor de Pareci é conhecida pela produção de carvão para churrasco e lá buscou fornecedores). Aos poucos o projeto tomou forma e saiu de fato do papel.

“Pensei em desistir várias vezes. Olhando hoje parece muito simples, mas demorei quase dois anos para que funcionasse 100%”, afirma Biolo, destacando que um dos desafios era encontrar materiais que pudessem queimar junto com o carvão, sem comprometer o churrasco.

Por enquanto, o Carvão Brazah ainda está em fase de testes em alguns mercados de Pareci. O empreendedor prefere não abrir o preço de venda do produto, afirmando apenas que é “um pouco acima da média de mercado”.

Segundo Biolo, o objetivo é comercializar o produto no Brasil inteiro. Um passo nesse sentido é o vídeo, uma das primeiras iniciativas de comunicação da marca.

O vídeo, compartilhado muitas vezes entre grupos do Whatsapp foi um sucesso. Mas também rendeu algumas críticas de churrasqueiros que preferem acender o carvão de forma tradicional.

As pessoas precisam enxergar que o mundo evoluiu e continua evoluindo, hoje em dia tem até espeto do churrasco de metal ou churrasqueira elétrica, por que o carvão deve continuar o mesmo?”, questiona Biolo. “Meu produto é seguro, podemos evitar muitos acidentes, por isso não me importo, acredito no que estou fazendo”, finaliza.

Além do Carvão Brazah, há outras iniciativas que apostam em uma embalagem que acende sozinha, porém, em formato de caixa de papelão que não oferece tanta praticidade quanto a ideia de Biolo.

Confira o vídeo

(Fonte: Baguete, 29 de setembro de 2021)