Faturamento das farmácias com medicamentos chega a três dígitos


Mais um recorde para a coleção do setor. O faturamento das farmácias brasileiras com medicamentos chegou pela primeira vez a três dígitos após a consolidação do balanço de 2022. Os dados da IQVIA apontaram uma receita de R$ 106,64 bilhões, 17% acima dos R$ 91,17 bilhões do ano anterior.

Os chamados medicamentos populares, que abrangem os remédios similares e genéricos, formaram a categoria que mais puxaram esse avanço. Esse segmento movimentou R$ 37,89 bi nas prateleiras, o que correspondeu a uma alta de 19,2% sobre 2021.

Já os medicamentos de marca continuam a concentrar a maior fatia do faturamento – 65%. Mas os R$ 68,75 bilhões representaram uma evolução de 15,8%, índice ligeiramente inferior na comparação com a classe dos populares.

Peso da inflação no faturamento das farmácias

Segundo especialistas, o maior peso dos medicamentos de menor valor agregado para a ampliação do faturamento das farmácias pode ter associação direta com a inflação. Dados do IBGE indicam que a alta acumulada em 12 meses nos preços de medicamentos à venda no varejo atingiu o maior pico em junho – 13,81%.

Nesse mesmo período, o IFEPEC – Instituto Febrafar de Pesquisa e Educação Corporativa, a partir de pesquisa com 4 mil consumidores em parceria com a Unicamp, revelou queda de R$ 55,02 para R$ 43,71 na cesta de compras. A quantidade de artigos adquiridos caiu de três para 2,6. Já o valor médio por produto passou de R$ 18 para R$ 16,81.

“O cenário impede os brasileiros de manter o patamar de compra anterior à pandemia, o que provoca um efeito cascata e torna a redução de custos um caminho necessário”, argumenta Daniela Jakobovski, consultora da Kantar. No entanto, ela enxerga nesse contexto uma oportunidade principalmente para as farmácias regionais de bairro.

“Em média, esse nicho do varejo farmacêutico conquistou em torno de 1 milhão de novos shoppers nos últimos dois anos. E como se trata de um setor com forte apelo baseado em preços e promoções, a retenção desse consumidor contribui para garantir a resiliência do pequeno e médio varejo”, complementa.

A análise vai ao encontro dos indicadores sobre os principais fatores de impulso para as farmácias. Dos R$ 15,47 bilhões de incremento no faturamento em 2022, apenas 10,7% tiveram como fonte os lançamentos de produtos. O preço exerceu influência sobre 36,5% desse montante e o volume foi responsável por 52,8% do avanço.

(Fonte: Panorama Farmacêutico, 30/01/23)