Crise que abre oportunidades para produtos embalados


Não é novidade o ditado que nas crises também eclodem oportunidades. Isto é, o momento atual, que é doloroso tanto pelas vidas que se perdem como também pelas dificuldades que muitos setores da economia estão enfrentando, nos permite aprender algumas lições. Mais do que isso, para alguns setores, reinventar vem sendo a palavra de ordem, de modo a superar as dificuldades. Noutros mercados, aplicações e tecnologias que eram “tendências” passam a ser “soluções” para alavancar os negócios.

Para ser mais claro, vou citar o delivery como caso ilustrativo. A entrega de comida em domicílio não nasceu em virtude da pandemia, mas ganhou novos contornos com as regras de isolamento social, que nos privam do prazer de ir a um restaurante com a família, por exemplo. A reboque do crescimento da entrega de comida, outros segmentos lucram: embalagens, etiquetas, pequenos negócios de comida caseira e marmitex são exemplos.

Outra aplicação que ilustra perfeitamente bem a situação é o e-commerce. Para não zerarem o faturamento, lojas que comercializam os mais variados produtos estão mergulhando no mundo digital para seguir atendendo seus clientes – isto, é claro, além das grandes marcas do comércio eletrônico, cujas vendas saltaram exponencialmente desde o início do isolamento social em março.

Há outros exemplos que poderiam ser citados: softwares de videoconferência, games, canais de streaming, etc.

No nosso mercado especificamente, uma forte aplicação que ganhou um impulso significativo foi a de alimentos embalados. O motivo é até fácil de ser compreendido, ainda que muitos não reflitam sobre isso: com as pessoas em casa, cresce o consumo de alimentos nos domicílios; portanto, a necessidade de abastecimento também aumenta, o que nos obriga a ir ao supermercado. Contudo, normas de higiene para bloquear a transmissão da Covid-19 envolvem, entre outras ações, não ter contato manual com os produtos. Ora, escolher as frutas, verduras e legumes pegando nestes itens e observando seu aspecto tornou-se uma prática incorreta!

Lembra que eu disse que uma mudança puxa a outra? Pois é. Na onda da segurança, cresce a demanda por alimentos previamente embalados. Em hortifrutis, por exemplo, as vantagens são várias: além de eliminar o contato com a mão do consumidor, estes alimentos vendidos a granel, passam a ser embalados e pesados antes de serem precificados, passando também por um controle prévio de qualidade e seleção; inclusive, muitos, como hortaliças, mandioquinhas, couve, etc., já vêm picados ou cortados (alguns, até já higienizados, como no caso das verduras).

A praticidade que leva ao processo de industrialização do embalo dos alimentos vai além; no caso de perecíveis mais sensíveis, como carnes e queijos, por exemplo, as tecnologias de embalagem a vácuo e ATM (atmosfera modificada) são soluções que podem aumentar a vida útil do produto perecível em até dez vezes, contribuindo assim para reduzir o desperdício e oferecer mais qualidade e praticidade ao consumidor.

Grandes marcas já atuam no segmento de produtos embalados, mas o movimento de oportunidades desloca-se justamente para os pequenos empresários – pequenos açougues, sacolões, padarias e outros estabelecimentos que permanecem funcionando neste período. Um levantamento realizado pela Sunnyvale, que há mais de quatro décadas atua nesse setor, mostrou que, com os restaurantes fechados para atendimento presencial, houve uma queda na demanda de grandes embalagens, e um aumento na venda de embalagens menores – 500 g, 1 e 2 kg.

No mercado, há equipamentos para embalar de todos os portes e capacidades de investimento. Isto é, não se trata apenas de uma tecnologia para grandes linhas de produção, mas algo viável – e, agora, cada vez mais rentável – para quem trabalha no setor alimentício em pequenos comércios e precisa otimizar a oferta de seus produtos com higiene e segurança.

Como disse no início deste texto, são as oportunidades que se abrem nas crises. Resta saber aproveitarmos o momento e traçarmos estratégias para aumentar a rentabilidade, oferecendo ao mesmo tempo mais qualidade.

(Fonte: Carnetec, 05 de junho de 2020)