Covid-19 e a importância das embalagens no setor de FFLV


O que parecia um movimento tímido tornou-se uma constatação com a pandemia: cada vez mais os consumidores estão priorizando não só a vedação das embalagens dos alimentos, para diminuir os riscos de contaminação da Covid-19, como também anda de olho no que as empresas andam fazendo em termos de sustentabilidade.

Foi por isso que a PMA Talks Brasil promoveu um bate-papo online, recentemente, entre a imprensa e o especialista da área de global source, Aparecido Borghi, Head de Novos Negócios e Desenvolvimento LATAM da Daymon Worldwide – empresa multinacional, com 50 anos no mercado, que nasceu como marca própria, gestão e adaptação, para discutir e entender como as marcas estão respondendo a essa demanda, quais as inovações do mercado e como os produtores, fornecedores de serviços/produtos, o varejo e a indústria de flores, frutas, legumes e verduras (FFLV) podem reagir?

Na opinião do executivo, que define a Daymon como “um braço direito do varejo e da indústria”, o varejo físico e o online são complementares, mas cada um deles precisa buscar a sua própria experiência e dentro disso, os setores de Food Service e de FLV podem ser alguns dos caminhos. “Com a pandemia, passamos a ter o receio de tocar nas coisas. Por isso, as embalagens plásticas estão despertando mais o interesse das pessoas porque elas sabem que podem lavá-las à vontade. Então, acredito que um dos critérios do ‘novo normal’ será o aumento nas escolhas das embalagens de plástico e vidro, que podem ser lavadas”, exemplifica.

Além das pessoas exigirem que os alimentos vendidos no PDV estejam mais protegidos, Borghi acredita que o consumidor também vai passar a defender embalagens mais “sustentáveis”.  Mas o executivo também explica “que a prioridade continuará sendo pela embalagem que puder proteger melhor o produto”

“Portanto, essa pandemia vai trazer mudanças e as embalagem vão ter que se reinventar para oferecer algo nesse sentido. Já cheguei a ver algo no exterior sendo testado com nanomateriais, embalagens que possuem proteção contra a Covid, por exemplo. Então, de forma geral, para que as embalagens dos alimentos possam contribuir ainda será preciso muita tecnologia e pesquisas nesse aspecto”, adianta. 

Na Europa, o maior percentual de embalagens (quase metade), nas categorias de FLV, ainda são as flexíveis, de plástico, então futuramente ele adianta que será preciso pensar para o Brasil algo nesse sentido, em termos de inovações e diferenciações entre as embalagens, sem perder de vista a saudabilidade. “A preocupação com a saúde e o que se ingere aumentou depois que as pessoas passaram a cozinhar mais em casa. Por isso, particularmente também estamos apostando mais nessas categorias e principalmente nas marcas próprias”, esclarece o executivo.

O poder das marcas próprias

Durante o debate, Borghi antecipou que nos Estados Unidos e na Europa, as marcas próprias para FLV têm liderado como instrumento de fidelização e atração, e não de preço como acontece no Brasil. Em função disso, esses países lideram na categoria de FLV, ao lançarem mais produtos de marca própria lança do que a própria indústria.

“Nos países da Europa, por exemplo, o Carrefour e o Tesco são algumas das companhias que mais lançam produto na categoria. Portanto, isso está nas mãos dos varejistas. No caso das marcas próprias para o FLV pode haver muita oportunidade, desde que se esteja disposto a encontrar os caminhos”, conclui, sugerindo que no caso dos PDVs, os varejistas e os fornecedores do Brasil poderiam criar juntos algo de valor para o cliente.

Consumidor x sustentabilidade

Borghi também acredita que metade do impacto ambiental está na produção e que o consumidor é uma peça importante deste impacto. “É ele quem decide se vai desperdiçar o alimento e este é um ponto importante a ser considerado também quando falamos de embalagem sustentável. Além do apelo orgânico e das embalagens eco-friendly, a indústria precisa ajudar a reeducar esse cliente”, ressalta.

(Fonte: Super Varejo, 28 de setembro de 2020)