Consumo de leite condensado aumenta 14% durante pandemia de coronavírus


De acordo com levantamento realizado pelo Centro de Inteligência do Leite da EMBRAPA, 14% das famílias brasileiras aumentaram o consumo de leite condensado após o início da pandemia de coronavírus no país.

Com um consumo anual de 6 quilos por pessoa, o mercado interno brasileiro é o principal trunfo do setor de lácteos. De acordo com Stephanie Arnesen Biekarck, Gerente de Marketing do Leite Condensado da Nestlé, o Brasil é um dos principais mercados de consumo do mundo, estando presente em 90% dos lares.

Dona de uma marca que se tornou sinônimo de leite condensado, a empresa vende sete unidades por segundo ao redor do planeta, mantendo uma fábrica dedicada quase que exclusivamente à produção do doce em Montes Claros, município de Minas Gerais.

“O leite condensado da Nestlé foi muito importante na cultura do brasileiro. Ele definiu a cultura do doce no país e, não à toa, 70% dos doces feitos pelos brasileiros são à base de leite condensado e isso é muito relevante”, relata Stephanie.

Do Brasil ao mundo

Paixão nacional, o produto também é o principal item da pauta de exportações lácteas do Brasil e, em março, respondeu por mais de 47% das vendas internacionais do setor. “Com certeza, o Brasil é um dos países com maior potencial de produção de fato, com uma relevância para exportação muito grande”, explica Stephanie. Não por acaso, o leite condensado foi o primeiro produto a ser fabricado pela Nestlé no Brasil, há quase cem anos.

“Somos muito competitivos no leite condensado e, na minha visão, ele é muito interessante para nós”, avalia Fernando Pinheiro, Analista Técnico Econômico Agropecuário da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Ele aponta que as vantagens do Brasil na produção e venda do doce vão da abundância de matéria-prima ao formato de comercialização no mercado internacional: em latas de aço prontas para a venda ao consumidor final.

“É interessante porque vendemos, de uma só vez, leite, açúcar e o aço da embalagem. E diferente do leite em pó, que vendemos em pacotes de 25 quilos para serem fracionados no país de origem, o leite condensado é vendido pronto para ser comercializado”, explica Pinheiro.

Em 2019, foram exportadas 9,3 mil toneladas de leite condensado – volume considerado baixo quando comparado ao recorde de 52,4 mil toneladas enviadas ao mercado internacional em 2006.

A cara do Brasil

O Presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi, avalia que o produto carrega a marca do Brasil no mercado internacional. “O leite condensado brasileiro tem uma grife muito forte, é muito reconhecido no mundo inteiro. Não tem concorrência no mundo em termos de reconhecimento do produto”, conclui Volpi. O país já chegou a responder por 15,5% das exportações mundiais de leite condensado em 2006, mas perdeu participação conforme diminuíram os embarques de produtos lácteos como um todo.

“Acho que é um produto que tem compensado muito,  estimulando a exportação pois não estamos vendendo uma coisa só, estamos vendemos três produtos nacionais”, avalia Pinheiro. Entre os principais competidores do Brasil, estão países com forte presença no mercado global de lácteos, como Países Baixos, Bélgica e Alemanha. Juntos, eles responderam por quase 30% do mercado mundial em 2017 ante 3,5% do Brasil, segundo dados da FAO.

(Fonte: MilkPoint, 11 de maio de 2020)