Alunos de escola pública do DF criam plástico biodegradável com casca de laranja e ganham medalha em torneio internacional


O Centro de Ensino Médio 2, do Gama, ganhou medalha de prata em uma competição mundial de invenções, na Malásia. Kazue Nishi, de 17 anos, e Barbara Wingler, de 18 anos, criaram um material que tem propriedades semelhantes ao plástico, a partir da casca de laranja.

O trabalho foi feito no Clube de Ciências da escola pública. Desde janeiro, as estudantes juntavam dinheiro para poder acompanhar a premiação do World Invention Competition and Exhibition (WICE). No entanto, a pandemia do novo coronavírus fez com que a cerimônia fosse realizada a distância.

Barbara e Kazue acabaram usando a verba que juntaram para investir no bioplástico. Agora, as alunas – a escola – estão firmando parcerias com universidades e empresas para ampliar o projeto.

Segundo Barbara, o projeto começou no início de 2019, em meio a “polêmica” em relação ao plástico. “Decidimos propor um projeto, que visasse a sustentabilidade, mas não excluísse o plástico, porque ele continua sendo essencial”, explica a adolescente.

“Se excluir não dá, melhor substituir de maneira renovável, que não prejudique o planeta”, afirma a estudante premiada.

Kazue Nishi conta que, além das dificuldades do próprio projeto, também havia a falta de recursos da escola. “No nosso Clube de Ciências não temos muitos equipamentos e os que temos são velhos”, afirma.

“A gente se deparou com a necessidade de uma estufa, mas a gente não tinha. Então, vimos que tinha uma caixa de microscópio quebrada lá no laboratório, um vidro de um aquário quebrado também e decidimos fazer uma estufa improvisada. Usando uma caixa de madeira, papel alumínio para o calor ficar por mais tempo, com dois furinhos para a umidade não ficar retida na estufa. A gente colocou os vidros do aquário por cima da caixa para a luz entrar e ficar retida lá”, explica.

De acordo com o Vice-Diretor do Centro de Ensino Médio 2 do Gama, Cléristom Alves, a escola não tem dinheiro sobrando. “É uma escola grande com mais de 2 mil estudantes e os recursos são escassos.

“Quando um projeto desse alcança um sucesso notório, as parcerias vêm”, afirma o Vice-Diretor.

Para as estudantes premiadas, é importante falar da ciência no ensino básico. “Quando a gente pensa em ciência e cientista, a gente pensa numa pessoa que está no mestrado, no doutorado. A gente tá mostrando que a ciência pode ser feita no ensino básico, numa escola pública, periférica. E a gente faz ciência de qualidade” diz Kazue.

(Fonte: G1 / DCM, 23 de setembro de 2020)