A importância da inovação de embalagem para os produtos da carne


No mundo todo, há uma demanda crescente por alimentos naturais, mais saudáveis e frescos, com o mínimo de processamento e com menor adição de conservantes ou aditivos artificiais. Ao mesmo tempo, num país de dimensões continentais como o Brasil, empresas têm desejado atingir mercados cada vez mais distantes. Com isso, um tempo maior de vida útil é fundamental, implicando em exigências ainda maiores sobre a embalagem.

Quando se fala especificamente de carnes e derivados, os aspectos mais buscados pelos consumidores são, sem dúvida, a aparência de frescor, odor e cor, sinais evidentes de boa qualidade e segurança alimentar.

Neste segmento, assim como para a maioria dos alimentos, a embalagem tem participação indispensável desde o processo industrial até a chegada ao consumidor final, passando pelo armazenamento, transporte, distribuição e comercialização, de forma a garantir uma entrega de alta qualidade e segurança.

Os sistemas de embalagem mais tradicionais utilizados pela indústria frigorífica incluem, quase sempre, condições de vácuo ou atmosfera modificada. Devido à sua alta perecibilidade, a qualidade inicial das matérias-primas deve ser a melhor possível pois, com as tecnologias tradicionais, a embalagem no máximo poderá manter a qualidade existente, retardando o início da deterioração microbiológica, processos oxidativos e alterações de propriedades como aparência geral e odor.

O consumidor desse produto exige crescentemente embalagens mais atraentes, práticas, convenientes, informativas, fáceis de entender, manipular e descartar. Além disso, com o aumento da conscientização em relação à sustentabilidade e redução de impactos sociais e ambientais, o mesmo começa a demandar ações visando redução de perdas, desperdícios, rastreabilidade, bem como cuidados no bem-estar animal e assim por diante.

Com isso, empresas fabricantes de resinas, materiais de embalagens e equipamentos têm se empenhado na busca por soluções que atendam a estas novas demandas.

Dentre as novas tecnologias de materiais, as principais áreas são:

● Embalagens ativas que, como o próprio nome diz, passam a exercer um papel mais ativo do que simples barreiras a gases ou umidade, por exemplo, contribuindo efetivamente na melhoria da qualidade, aumento da segurança alimentar, vida útil e atributos sensoriais.

● Embalagens inteligentes, que monitoram as condições do produto ao longo da cadeia, informando e interagindo com fabricantes, varejistas e consumidores.

● Nanotecnologia: embora o mundo “nano” já esteja bem avançado em várias áreas, em embalagens ainda é um oceano a ser explorado. Esta tanto pode ser uma ferramenta para viabilizar as tecnologias já mencionadas (embalagens ativas e inteligentes), como para levar as propriedades e características das embalagens que conhecemos hoje a outros patamares, como melhores barreiras e resistências.

Algumas dessas tecnologias já estão consolidadas, como os sequestrantes de oxigênio, quer na forma de sachê ou impregnado no filme plástico, que absorvem o oxigênio residual das embalagens, retardando a contaminação.

Há os que agem no sentido oposto, permitindo a entrada do oxigênio e garantindo a coloração vermelho-brilhante (oximioglobina). Por exemplo, as embalagens master pack de alta barreira contendo várias peças embaladas individualmente em sacos com alta permeabilidade. Na exposição, retira-se o saco maior e as embalagens menores, expostas ao ambiente, permitem que a cor vermelha reapareça (bloom).

Existem também os aspectos mercadológicos relacionados à exposição do produto, atratividade do design, comunicação com o consumidor e as ações de marketing que podem ser feitas utilizando a embalagem como suporte.

A construção de marcas que atribuem um aval de qualidade, sabor e modernidade a seus produtos pode contar com as embalagens como agente disseminador de sua filosofia de trabalho, seus valores, as qualificações e diferenciais que levam o consumidor a atribuir valor e confiabilidade a elas.

Podemos afirmar que o consumidor não separa a embalagem de seu conteúdo, pois foi isto que nos mostrou uma ampla pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Embalagem (ABRE). Essa pesquisa, realizada pela Research International, uma das maiores empresas mundiais em estudos do comportamento do consumidor, revelou também que para os consumidores, a embalagem e o que está dentro dela constituem uma única entidade indivisível. Portanto, a embalagem é algo que participa e interfere na relação que o consumidor tem com o produto, sendo considerada por ele um instrumento de avaliação e referência cada vez mais relevante no novo cenário competitivo. Se a embalagem for ruim, o produto não é bom!

Uma pergunta necessária e que precisamos fazer com toda sinceridade ao verificar o desempenho de nossas embalagens no ponto de venda, em confronto direto com seus concorrentes, é: “a embalagem do meu produto é melhor, igual ou pior que a embalagem dos meus concorrentes?” A resposta a essa pergunta nos induz a cuidar do principal fator de competitividade de um produto, ou seja, como ele se posiciona perante a escolha do consumidor porque este, na maioria das vezes, não dispõe de conhecimento técnico suficiente para avaliar as diferenças de qualidade entre os produtos que estão à sua frente. Nesse contexto, cabe à embalagem comunicar esse diferencial e agregar valor percebido para ajudar o consumidor neste momento difícil onde ele está avaliando a compra.

Basta perguntar para os responsáveis pelo setor de carnes no supermercado quais são as perguntas mais frequentes dirigidas a eles pelo consumidor para constatar que existem muitas dúvidas sobre as características e a qualidade do produto, sobre a melhor forma de preparo, e assim por diante.

Uma forma simples de inovar na embalagem é compreender as dúvidas do consumidor.

E fazer com que as embalagens de carne in natura, por exemplo, deixem de apresentar apenas a marca e o nome do corte, e passem a conter informações que ajudem o consumidor a vencer a insegurança que ele tem na escolha do que está comprando.

Conhecer o consumidor e como ele percebe valor naquilo que escolhe é o primeiro passo para propor algo novo e diferente na categoria onde o produto concorre. É importante lembrar que nenhum produto concorre no mercado, todo produto concorre numa categoria e a categoria determina o tipo de competição que acontece dentro dela.

Nos produtos mais elaborados, que recebem temperos e processamento diferenciado, há muito que dizer a respeito do produto, desde o manejo dos animais até a procedência, qualidade dos ingredientes, sugestões de consumo e até mesmo o melhor vinho para servir com aquele tipo de carne. Isso pode não ser novidade, mas faz muita diferença, pois valoriza a embalagem e transfere valor ao consumidor na forma de informações úteis.

A inovação na embalagem é a forma mais eficiente de comunicar diferencial e conquistar visibilidade no ponto de venda, o que não pode é ficar com aquelas embalagens sempre iguais que parecem esquecidas e abandonadas no ponto de venda. Inovar é preciso! (Fonte: Carnetec Brasil, 25 de setembro de 2019)

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