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Pico de fim de ano impulsiona cadeia de papel e embalagens


Empresas apostam em tecnologia e sustentabilidade para atender demanda

Com a aproximação do fim do ano, o setor papeleiro brasileiro entra em seu período de maior aquecimento, impulsionado pelo aumento do consumo no varejo, pelo crescimento do e-commerce e pela demanda crescente por embalagens. Dados da Associação Brasileira de Embalagem (Abre) mostram que o mercado mundial de celulose e papel mantém expansão moderada, com avanço anual de 1,2% na produção e de 1,6% nos preços.

O quarto trimestre concentra o pico de movimentação do segmento, sobretudo em razão das vendas sazonais e da necessidade de embalagens especiais para o Natal e o Ano Novo. O efeito é imediato em toda a cadeia, das florestas plantadas aos fabricantes de papéis e embalagens.

O avanço das embalagens e do e-commerce

Nos últimos 15 anos, o consumo aparente de produtos da linha tissue no Brasil cresceu 56,3%, segundo dados da Ibá e do Comex Stat. Em 2022, as vendas domésticas do segmento avançaram 5%, chegando a 1,4 milhão de toneladas. A América Latina também deve registrar expansão neste ano, conforme projeções da Fastmarkets.

No varejo, o crescimento do e-commerce e a força das campanhas de fim de ano impulsionarão o consumo de papéis para embalagens, papel-cartão e papelão ondulado.

Setor acelera investimentos

A busca por materiais descartáveis e soluções ambientalmente responsáveis também ganhou força no mercado varejista de papéis tissue, refletindo uma mudança estrutural na forma como empresas e instituições selecionam seus fornecedores de higiene e limpeza. A pressão por práticas sustentáveis levou fabricantes a incorporar fibras recicladas de alta qualidade, a otimizar processos de branqueamento sem cloro e a investir em tecnologias que reduzem o consumo de água e energia nas etapas produtivas.

Os critérios de ESG deixam de ser apenas indicadores reputacionais e passam a orientar, de forma direta, as decisões de compra e o desenvolvimento dos produtos. A convergência entre performance, biodegradabilidade e rastreabilidade cria um padrão de competitividade mais rigoroso, exigindo que os fabricantes demonstrem, com total transparência, o ciclo completo dos materiais, a origem responsável das fibras e a efetividade ambiental de cada etapa do processo produtivo.

Hoje, o setor opera majoritariamente com energia renovável e manejo florestal certificado. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), os investimentos anunciados para papel e celulose superam R$ 105 bilhões até 2028, reforçando o protagonismo brasileiro na economia verde.

A economia circular e a logística reversa se tornaram- peças-chave especialmente em períodos de alta demanda. Com o salto das compras online na Black Friday, no Natal e no Ano Novo, empresas são pressionadas a garantir que mais embalagens não signifiquem mais resíduos. Práticas emergentes, como materiais biodegradáveis de nova geração, embalagens redesenhadas para reaproveitamento e o uso de fibras recicladas de alta performance, ganham força.

Diante disso, companhias intensificam investimentos em rastreabilidade, automação na triagem de resíduos e parcerias com cooperativas de reciclagem, criando sistemas mais eficientes e integrados. Entre dezembro e janeiro, a logística reversa ganha ainda mais relevância, com ampliação de pontos de coleta, campanhas com varejistas, incentivos ao retorno de embalagens e integração com marketplaces. Selos de circularidade, QR codes educativos e programas de fidelidade ajudam a engajar consumidores.

Perspectivas para 2026

Essas iniciativas convergem para um movimento de maior eficiência operacional, necessário para conter custos logísticos e energéticos e manter competitividade em um mercado global em transformação. Paralelamente, cresce a adoção de materiais biodegradáveis e práticas de redução de resíduos industriais, aprofundando o compromisso ambiental do setor.

“Com o aumento das vendas no varejo e a expansão do e-commerce, o setor papeleiro encerra 2025 em ritmo acelerado. Mais do que atender à demanda de fim de ano, as empresas se preparam para consolidar, em 2026, um modelo de crescimento sustentável, inovador e alinhado às exigências ambientais e de consumo do novo mercado”, conclui Thiago.

(Fonte: Industria News, 12 de dezembro de 2025)

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