Como as embalagens podem contribuir na redução do desperdício de alimentos?


A perda e o desperdício de alimentos são problemas graves e geram um prejuízo financeiro tão grande que o valor se aproxima ao do Produto Interno Bruto (PIB) de países como Indonésia e Turquia (US$ 940 bilhões/ano). Hoje um terço de todos os alimentos produzidos no mundo (ou seja, 1,3 bilhão de toneladas) acaba no lixo.

Números tão altos geram em muitas marcas uma preocupação em oferecer soluções para esse problema e passar uma imagem melhor do ponto de vista da sustentabilidade. Nesse contexto, discutir o papel das embalagens é relevante, porque elas podem ser usadas de maneiras extremamente criativas e eficientes para gerar benefícios à sociedade.

Ao contrário do que muitos pensam, as embalagens não devem deixar de existir para que tenhamos ganhos ambientais maiores. Mas elas certamente devem ser cada vez mais aprimoradas para preservar a vida útil de um produto em todo o seu trajeto — dos campos e das fábricas até os pontos de venda e o consumidor final. No artigo de hoje trazemos algumas soluções que caminham nesse sentido. Continue a leitura para descobrir.

A influência do formato

Uma das opções para reduzir perdas e desperdícios de alimentos é otimizar o formato das embalagens. Quanto mais estáveis elas são, mais seguro será o transporte e armazenamento no estoque.

Um bom exemplo disso é a embalagem anatômica desenvolvida por pesquisadores da Embrapa Agroindústria de Alimentos, do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e do Instituto de Macromoléculas (IMA). Além de acompanhar o formato de diferentes frutas e reduzir os impactos mecânicos, essa embalagem ainda permite maior ventilação, algo que retarda o amadurecimento.

A empresa Mondi também decidiu investir em um design funcional para as melancias. Ao embalar o produto em uma caixa retangular, o processo de montar e empilhar as embalagens para o transporte ficou mais simples. As perdas diminuíram e, com a novidade da alça, o consumidor ficou mais estimulado a levar a fruta do supermercado para casa.

A influência de gases e materiais

Para aumentar a vida útil de carnes, frutas e vegetais também é possível modificar a atmosfera no interior de uma embalagem. Isso significa retirar a maior parte do oxigênio e introduzir uma mistura de gases (nitrogênio e dióxido de carbono na maioria dos casos) para inibir a proliferação de micro-organismos e fungos.

Esse é um processo delicado, já que o excesso de um tipo de gás pode alterar o sabor e a aparência de um alimento. Porém, quando bem utilizado, também é capaz de retardar a ação natural das enzimas, reduzindo a necessidade de conservantes. O resultado é um produto que se mantém fresco por um período muito maior.

Seguindo essa linha, existem embalagens produzidas com determinados materiais que impedem a entrada ou a fuga de substâncias capazes de alterar características e propriedades do produto embalado. Filmes metalizados, de polietileno de alta densidade ou com resinas acrílicas, por exemplo, podem produzir uma verdadeira barreira que garante o frescor do alimento.

Na embalagem de frios fatiados da Sadia, por exemplo, a Bemis aliou essa tecnologia a uma atmosfera modificada para aumentar a vida útil do produto, multiplicando seu prazo de validade em 6 vezes.

Outra solução inteligente foi criada pela empresa LiquiGlide. Ela desenvolveu uma substância que gruda com muito mais facilidade em superfícies sólidas do que em líquidos. Quando aplicada no interior de uma embalagem ela consegue torná-la muito mais escorregadia. No caso de produtos alimentícios, como maionese, mel e ketchup, a composição da substância é derivada de materiais comestíveis.

A vantagem dessa inovação para o consumidor é sua capacidade de evitar desperdícios, já que o produto é usado até o final.

Na casa do consumidor final, as embalagens também evitam o desperdício de várias formas, seja dividindo um produto em porções ou apresentando um simples zíper abre-fecha. Essas são algumas das estratégias que contribuem para a prática do consumo consciente, um assunto que vamos explorar no nosso próximo artigo. Não deixe de ler!