Cadeia de abastecimento padroniza embalagens para combater o desperdício de vegetais frescos


Projeto conduzido conjuntamente por CEAGESP, Associação Brasileira da Embalagem (ABRE) e Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) tem medidas padronizadas para embalagens que facilitam a acomodação em um pallet

Os diferentes elos da cadeia de abastecimento, como produtores, distribuidores e varejistas, passam a contar com o Programa Embalagem na Medida, que visa reduzir as perdas de vegetais frescos por meio da padronização das medidas de base das embalagens de frutas, verduras e legumes (FLVs) na formação de carga mista.  

Essa inovação deve contribuir para aumentar a vida de prateleira dos alimentos frescos, uma vez que essa padronização das embalagens evita que elas se apoiem diretamente sobre os alimentos, reduzindo a quantidade de danos mecânicos.  

Até então, de forma individualizada, cada produtor ou empresa adota uma solução eficiente de embalagens, mas que funciona apenas de forma linear e não atende aos diferentes elos da cadeia de abastecimento, como produtores, distribuidores, carregadores, transportes (caminhão) e supermercados.  

Para solucionar o problema que atinge todos os elos da cadeia de abastecimento, a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo – CEAGESP, que recebe todos os dias entre 10 mil e 12 mil toneladas de alimentos, buscou entidades e institutos tecnológicos para desenvolver embalagens para reduzir o desperdício e facilitar a formação de carga mista desde a colheita até as gôndolas nos supermercados.  

Diante da demanda, a Associação Brasileira de Embalagem – ABRE e a ABRAS – Associação Brasileira de Supermercados – representante do varejo nacional, discutiram e testaram, desde 2018, modelos de embalagens para atender de forma eficiente produtores, distribuidores e varejistas.  

Durante os estudos, foram realizados testes práticos sobre a padronização das medidas de base das embalagens para garantir o empilhamento seguro e o transporte de FLV frescos com qualidade até o consumidor final.  

Nesse processo, o encaixe correto das embalagens nas cargas mistas reduz os danos aos produtos e gera um empilhamento coeso entre as embalagens, ou seja, embalagem sobre embalagem protegendo o produto e, consequentemente, reduzindo perdas em toda a cadeia.  

Outra vantagem desse programa é a redução do tempo para abastecer os caminhões. Antes levava-se cerca de quatro horas para abastecer um caminhão devido à falta de padronização da base e da instabilidade das embalagens.  

Por sua vez, nos supermercados, a eficiência das embalagens modulares, tanto de papelão quanto de isopor e de plástico, foi testada no recebimento dos produtos, no armazenamento nas câmaras frias e no abastecimento das bancas, resultando no aumento da eficiência operacional da seção de FLV, tanto no aspecto de padronização das embalagens, de movimentação de cargas e armazenamento quanto nas boas práticas de manuseio na área de exposição.  

Com o Programa Embalagem na Medida, outro aspecto relevante é que a modulação pode ser feita sem agregar custos, a partir das embalagens já utilizadas, como engradados plásticos, papelão ondulado e isopor (EPS).

Segundo o vice-presidente da Abras, Marcio Milan, a tendência é aumentar a adoção da solução visto que ela agrega melhores práticas à seção de frutas, legumes e verduras, não aumenta custos para empresas e tampouco para o consumidor. “Por ora chegamos à melhor solução e os compradores dos supermercados passam a recomendar aos fornecedores a adoção das Embalagens na Medida para combater o desperdício de alimentos no varejo. Sabemos que um alimento ainda em condições de consumo e mantendo os valores nutricionais, ao sofrer um dano, como amassado, perde seu valor comercial”, analisa Milan.  

Para Isabella Salibe, gerente de Projetos Especiais da ABRE, a utilização de embalagens adequadas é fundamental para a preservação dos alimentos e, com a solução Embalagem na Medida, haverá um aumento de eficiência em todo o sistema de produção, distribuição e consumo trazendo ganhos relevantes para toda a cadeia. 

De acordo com Cristina Staliano, engenheira de alimentos da Seção do Centro de Qualidade Hortigranjeira (SECQH) da CEAGESP, o maior desafio agora é convencer os produtores, atacadistas e varejistas a adotarem as embalagens modulares com o objetivo de reduzir perdas, melhorar a eficiência logística e a qualidade do produto ao longo de toda a cadeia produtiva, sem aumentar custos. 

As plantas técnicas das embalagens já estão disponíveis para download em www.embalagemnamedida.com.br

O programa conta com o patrocínio da Termotécnica, empresa associada à ABRE.

(Fonte: EP Grupo, 06 de novembro de 2023)