Esta startup industrializa a produção de envoltórios de cera de abelha


Foi com o objetivo de criar uma embalagem mais sustentável que a paulista Luciana Caran, de 56 anos, fundou a Envolve Bioembalagens. Fundada em 2018, a startup vende tecidos feitos de cera de abelha e envoltos com óleo de coco. O produto amolece com o calor das mãos e adere a potes, servindo como uma tampa que também ajuda na conservação de alimentos – já que, segundo a empreendedora, a cera de abelha é um material naturalmente conservante.

“É um produto que existe há bastante tempo, não temos uma data precisa do surgimento, mas criamos uma máquina para fabricá-lo em nível industrial. Geralmente, a produção é bem artesanal, utilizando um ferro de passar roupa ou o forno de cozinha”, diz Caran. Segundo a empreendedora, o produto dura pelo menos um ano – ou 150 lavagens. A startup oferece um programa de logística reversa, em que o cliente devolve o pano e recebe 20% de desconto na próxima compra. Caso o consumidor prefira, ele mesmo pode descartar o item, que é biodegradável. Outro uso possível é como acendedor de fogueira, lareira ou churrasqueira. Em 2021, a startup faturou 87% a mais do que em 2020.

O negócio surgiu depois que Caran conheceu o conceito de capitalismo consciente e se aproximou da ABRAPS (Associação Brasileira dos Profissionais pelo Desenvolvimento Sustentável), onde fez cursos de sustentabilidade com a ideia de empreender. Neste meio tempo, ganhou um pano feito de cera de mel de uma amiga que havia viajado para os Estados Unidos e tentou fazer a sua própria versão. Deu certo, e Caran decidiu que ela passaria a fabricar seu próprio tecido sustentável.

Os produtos foram lançados em setembro de 2018 durante uma feira da ABRAPS. “Foi muito legal porque tive muita adesão”, diz a empreendedora. Dois meses depois, a startup ganhou um prêmio do Ministério do Meio Ambiente por evitar o desperdício de alimentos. “Foi quando eu entendi que o projeto era realmente viável.”

A empreendedora então criou um e-commerce e começou a vender em redes de varejo premium, como Casa Santa Luzia e Empório Santa Maria. Também continuou frequentando feiras de sustentabilidade para apresentar o produto.

A empresa sofreu um grande impacto quando a pandemia foi decretada. “O nosso produto é vendido especialmente para pessoas que já conhecem ou podem vê-lo pessoalmente, então as feiras eram fundamentais”, afirma.

“Foram quase três meses sem movimento nos negócios, até que fui fazer uma aceleração no Founder Institute”, diz a empreendedora. Ela fez mudanças no negócio no início de 2021, quando a empresa recebeu o novo sócio, Maurício Baltaduonis, levantou um investimento-anjo (cujo valor não pode ser revelado) e inaugurou uma fábrica para ampliar a produção.

A startup também investiu em produtos personalizados para atender empresas que querem entregar brindes a funcionários e clientes. Outra mudança foi a criação de um programa para empregar mulheres em situação de vulnerabilidade, que se tornam revendedoras e recebem 40% do valor do item.

O plano principal da empreendedora agora é “sair da bolha”. “Quero atingir um público maior. Nossas estampas estão mais charmosas e podem deixar a cozinha mais bonita, então, queremos atingir as pessoas que buscam produtos para a casa”, diz a empreendedora. Quando os panos-embalagem ficarem mais conhecidos, ela espera poder abrir franquias da Envolve Bioembalagens. A expectativa é crescer 400% neste ano.

(Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios, 01 de fevereiro de 2022)