Setor de limpeza cresce em volume e amplia acesso com avanço de marcas econômicas
21/07/2025
Migração do consumidor para marcas de maior custo-benefício impulsiona vendas em volume e reforça papel estratégico de atacarejos e embalagens maiores; setor se adapta a novo perfil de consumo

O mercado brasileiro de produtos de limpeza encerrou 2024 com um crescimento de 8,2% em volume produzido, reflexo de uma transformação no comportamento do consumidor e de uma expansão das marcas de maior custo-benefício. Os dados fazem parte do Anuário 2025 da ABIPLA (Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes), lançado no último dia 3 de julho de 2025, e apontam uma dinâmica de consumo mais racional e orientada à conveniência.
Segundo levantamento da NielsenIQ, as marcas consideradas low tier com produtos mais acessíveis e presença reforçada em canais de atacarejo, cresceram o dobro das marcas premium ao longo do ano, em um movimento que fortalece o papel das linhas econômicas no varejo. Essa tendência foi intensificada pelo avanço de formatos promocionais, embalagens maiores e canais de distribuição mais democráticos, ampliando o alcance da categoria junto a diferentes perfis de consumo.
“Estamos diante de um consumidor mais atento ao orçamento e que valoriza custo-benefício. Essa realidade tem impulsionado a penetração de marcas intermediárias e econômicas, especialmente em categorias como sabão líquido e amaciante concentrado”, destaca Juliana Marra, presidente da ABIPLA.
Mesmo com o aumento no volume de produção, o faturamento em dólares recuou de US$ 7,485 bilhões em 2023 para US$ 7,170 bilhões em 2024, impactado por fatores externos como a volatilidade cambial e a deflação média de 1,2% nos preços ao consumidor, conforme dados do INPC. Ainda assim, o setor demonstrou resiliência, ampliando sua base produtiva e adaptando-se às mudanças de mercado.
Juliana ressalta que, embora o cenário exija atenção, ele também abre espaço para novos formatos, inovações em embalagem e reposicionamento estratégico. “O consumidor está cada vez mais criterioso, e isso exige que estejamos atentos ao que agrega valor, seja na conveniência, na eficiência ou na apresentação do produto.”
A indústria também teve de lidar com custos de produção em alta o Índice de Preços ao Produtor apontou elevação média de 3,75% no ano. Ainda assim, a decisão predominante foi pela manutenção de preços competitivos para garantir capilaridade e presença nas gôndolas, mesmo em um cenário desafiador para as margens.
Com um primeiro semestre de 2025 marcado por leve retração na produção (-4,1%), a perspectiva para o ano segue cautelosa, mas com foco em adaptação e ganho de eficiência. A ABIPLA defende um ambiente regulatório mais estável e políticas que favoreçam o crescimento sustentável do setor, cuja importância vai além do consumo imediato, estendendo-se à geração de empregos, inovação e saúde pública.
(Fonte: Household Innovation, 16 de julho de 2025)