Embalagens inteligentes impulsionam eficiência e reduzem desperdício nas padarias brasileiras
01/12/2025
Com soluções tecnológicas que prolongam a vida útil dos produtos e reforçam práticas sustentáveis, especialistas apontam embalagens como aliadas estratégicas para reduzir perdas e agregar valor à experiência do consumidor

A evolução das embalagens inteligentes tem transformado a dinâmica da panificação no Brasil, impulsionando ganhos de eficiência e contribuindo de forma direta para a redução do desperdício. Se antes a embalagem era vista apenas como um meio de conservação, hoje ela assume papel estratégico ao integrar tecnologia, sustentabilidade e rastreabilidade. Essa mudança vem ocorrendo em um setor que movimenta milhões de toneladas de produtos diariamente e que, pela própria natureza de seus itens — altamente perecíveis —, enfrenta desafios constantes na preservação da qualidade e na otimização da cadeia produtiva.
Segundo Paulo Menegueli, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip), o avanço no uso de embalagens inteligentes tem sido gradativo, mas consistente. Ele explica que o movimento é impulsionado pela busca por eficiência, sustentabilidade e valorização do produto. “O setor tem incorporado tecnologias que prolongam a vida útil dos alimentos, controlam umidade, oxigênio e temperatura, reduzindo o desperdício em toda a cadeia”, afirma. Além disso, Menegueli destaca que a digitalização também começa a chegar às padarias, com o uso de QR Codes e etiquetas inteligentes que informam prazos, composição nutricional e boas práticas de armazenamento, recursos que ampliam a transparência e ajudam a reduzir perdas.
Em consonância com essa evolução, a sustentabilidade tornou-se um eixo fundamental e Menegueli afirma que as embalagens recicláveis e biodegradáveis, estão entre as mais adotadas pelas indústrias e padarias associadas. “A Abip tem incentivado a adoção de soluções alinhadas às práticas ESG, apoiando os empresários nesse processo de transição. Há cartilhas educativas em nosso site disponíveis para download, bem como iniciamos o projeto de capacitação técnica Abip Pelo Brasil com um eixo exclusivo para ESG – visando a conscientização dos empresários”, explica o executivo.
Apesar dos avanços, o presidente da Abip reconhece que ainda há desafios para a implementação dessas soluções em larga escala, principalmente entre pequenos e médios negócios. “O principal desafio é o custo de implementação e a disponibilidade tecnológica fora dos grandes centros. Pequenas padarias e confeitarias, que representam mais de 80% do setor, muitas vezes enfrentam barreiras logísticas e financeiras para acessar materiais inovadores. A Abip possui uma comissão de trabalho que visa impulsionar e facilitar as compras coletivas nos sindicatos e associações do país. A iniciativa permite que a inovação chegue também às micro e pequenas empresas”, observa.
Tecnologia como aliada na conservação e rastreabilidade
Para além da conservação, as embalagens inteligentes têm papel cada vez mais relevante na rastreabilidade e no controle de qualidade. Menegueli destaca que as identificações digitais permitem o monitoramento do produto desde a produção até o ponto de venda, assegurando segurança alimentar, conformidade regulatória e transparência. “Além disso, essas soluções criam identificação com uma nova geração de consumidores”, reforça.
Entre as soluções mais promissoras, Eduardo Freire, estrategista de inovação e CEO da FWK Innovation Design, cita tecnologias como a combinação de active packaging (AP) e modified atmosphere packaging (MAP), embalagens ativas combinadas com atmosfera modificada, que utilizam absorvedores de oxigênio e emissores de etanol para frear bolores e leveduras. Segundo o especialista, essa técnica contribui para manter a textura e a qualidade dos pães e buns por períodos significativamente mais longos. “A extensão de vida útil pode chegar a mais de 16 dias com absorvedores de oxigênio e até 24 dias com emissores de etanol, dependendo da formulação e das condições de armazenamento”, explica.
Outro avanço relevante mencionado por Freire são os indicadores inteligentes, como os TTI (time-temperature indicators) e sensores de oxigênio e gás aplicados às etiquetas. Esses recursos monitoram eventuais quebras da cadeia fria ou falhas no vácuo, permitindo que a equipe de loja aja rapidamente em casos de deterioração. “Esses indicadores dão um sinal acionável para reposição e markdown, reduzindo o risco de perda e otimizando o giro de estoque”, detalha.
(Fonte: Super Varejo, 21 de novembro de 2025)